Há alguns anos entrei em contato com o mundo da encadernação artesanal. Mas minha paixão pelo papel vem da infância. Os papéis que embrulhavam filões de pão eram matéria-prima para desenhos em preto e branco.

O primeiro curso de encadernação começou como um passatempo. Logo depois, tornou-se ofício.

A transformação de pedaços de papel, couro e linhas em objetos únicos é o que me encanta!



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Breve História da Encadernação

Encadernar significa basicamente ligar folhas, dobradas ou não, em  cadernos para prevenir a degradação pelo manuseio. Essa prática artesanal transformou-se em arte.


Sempre foi fundamental para o Homem, desde os primórdios, o testemunho de seu pensamento e de sua história. Criou, então, várias técnicas que eternizariam  seu testemunho. Desenhos, hieróglifos e ideogramas foram o veículo inicial de seu espírito.

Arte Rupestre

Durante os séculos, diferentes modos de comunicação foram criados utilizando-se pedra, argila, osso, metal, madeira, tecido.



Escrita copta em argila

Os materiais foram se sofisticando mais e mais: papiro, couro, pergaminho e papel.

Papiro Copta


Pergaminho        

Às margens do Nilo, onde crescia o papiro, nasce a primeira forma elaborada para manutenção do conhecimento. Os caules dos papiros eram cortados em tiras que eram imersas no rio por alguns dias, gerando o glúten. As tiras eram colocadas, de forma transversal, umas sobre as outras e prensadas. Depois de secas ficavam tão unidas que tornavam-se ótimo material para a escrita. Em seguida eram enroladas e guardadas em recipientes cilíndricos.

Rolo

Com o passar do tempo, ao invés de enrolar, dobrava-se o papiro em distâncias pré-determinadas em forma de fole.
No início do século I DC surge, também no Egito Antigo (Copta-em grego), o Códice. Podemos dizer que o Códice é a forma inicial de encadernação que mais se assemelharia àquela utilizada hoje. As folhas eram dobradas e reunidas em vários cadernos. Os cadernos eram costurados em cadeia. Os primeiros exemplares não tinham capas. Mas o manuseio fazia com que as primeiras folhas se estragassem com facilidade. Passou-se a prender os cadernos em duas tábuas para protegê-los. Com o tempo, a madeira passou a ser recoberta de couro. O lombo passou a ser recoberto mais tarde para proteger a costura.

                                Códice                          Foto: MSU        

Enquanto isso, na Ásia, o material mais utilizado era o pergaminho: os escritos sagrados eram gravados nas peles de animais sacrificados. 
Todo esse conhecimento foi passado ao Ocidente. Durante séculos coube aos monges copistas todo o trabalho artesanal de tratamento das peles, escrita e encadernação de livros. Cada vez mais investiu-se na ornamentação das capas.
Por volta do  século XIII os livros ficaram menores e passaram a ser mais facilmente transportados. A maioria continha textos religiosos.
Em 1447, com o surgimento da imprensa, iniciou-se a automatização da impressão. A encadernação ainda era artesanal, mas saiu dos monastérios e foi para as ruas.

             Livro - 1500   Foto: MSU

             Livro - 1600    Foto: MSU

Por volta do século XV encontramos ornamentação das capas com arabescos ou imagens pictóricas em relevo seco ou em douração. Tal refinamento das capas aumentaria ainda mais durante os séculos seguintes, chegando a requintes inimagináveis.

               Livro - 1800  Foto: MSU

Após a Revolução Industrial - século XIX -  desenvolveram-se novas técnicas que baratearam o livro, tornando-o mais acessível. 


Hoje, todo o processo de produção de livros em série, responsável pela popularização da leitura, convive em harmonia com a produção artesanal e artística. 




Fontes: -Branco, Z. C. in Encadernação: História e Técnica
            -Michigan State University in A Short History of Bookbinding                                            
             <staff.lib.msv.edu/alstrom/presentations/bindinghistory.html>
            -Atelier Monastique Au Livre Inachevé <www.aulivreinachevé.com>

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